O apagão do último dia 10/11 teve uma grande peculiaridade que marcou a entrada das redes sociais no grupo de mídias de massa, ao mesmo tempo em que mostrou o quanto às mídias tradicionais precisam se adaptar para viver nesse mundo pós apagão.
Primeiro round. Pouco depois das 22h, quando as primeiras luzes começaram a apagar, no twitter usuários de vários Estados começaram a relatar a falta de energia. Em pouco mais de três minutos já era possível conhecer a extensão e gravidade do problema, pela ferramenta. A rádio CBN ainda mantinha a transmissão do jogo do Vasco e os repórteres e comentaristas não sabiam a extensão do problema.
Segundo round. Com mais de 30 minutos de atraso a Tupi FM fala pela primeira vez sobre o blackout, a CBN demorou ainda alguns minutos para confirmar a notícia. Em ambos os casos as fontes e informações estavam saindo diretamente do twitter.
As rádios conseguiram se estruturar depois de uma hora. Nesse momento começa a inversão de papeis as rádios passam a pautar os comentários no twitter.
Terceiro round. Ambas as mídias sem perceber começam a disputar a atenção e energia dos aparelhos móveis do público. O twitter passa a ter um conteúdo mais local, com usuários relatando como está a situação em seus bairros, pontos perigosos e uma grande quantidade de futilidades. A rádio consegue estruturar equipes e suas redes de outros Estados e passa a da informação mais qualificada.
Conclusão. Com o apagão pudemos observar que a tecnologia móvel é como a televisão no início: nem todos tinham, mas sempre era possível assistir pela janela do vizinho e nessa grande disputa alguns pontos ficaram evidentes:
- O twitter apesar de ter sido o primeiro a noticiar a extensão do apagão ainda é um meio elitista;
- Os veículos tradicionais perderam agilidade e durante o apagão em muitos momentos cometeram erros gravíssimos;
- O twitter mostrou que é uma ferramenta, apesar do seu alto grau de informalidade, um meio que muitos utilizam para se manter informado;
- As mídias tradicionais demonstraram que a facilidade das novas tecnologias a deixaram lenta e sem saber inovar.
Com esse acontecimento vimos as mídias sociais dar mais uma passo para se solidificar como um meio de comunicação ágil e rápido, enquanto o rádio conseguiu ressurgir do seu ostracismo. A TV e o jornal imprensso e até mesmo os grande portais de notícias, ainda atrelados a velhos formatos demonstraram que chegou a hora de começarem a fazer a tão falada convergência de mídias, para conseguir sobreviver nesse mundo onde quem não sabe brincar deve ficar em casa esperando a luz voltar.
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desde a morte do michael jackson temos evidências de que as redes sociais, com forte e absoluto destaque para o querido twitter, não estão de bobeira.
ResponderExcluirse tudo pifa, como pifou (salvos os radinhos de pilha, mesmo sem ng saber o que falar no microfone), quem poderá nos ajudar?
o 3g.
A ocorrência de um fenômeno inesperado e extremo como o último apagão possibilita, de maneira rara, confrontar o desempenho das diferentes tecnologias de comunicação social - tradicionais e emergentes - permitindo tecer comparações entre elas e verificar seus pontos fortes e fracos, como bem demonstrado nesse interessantíssimo post.
ResponderExcluirParabéns, Sérgio!
Apenas não entendi um ponto de sua conclusão:
"O twitter apesar de ter sido o primeiro a noticiar a extensão do apagão ainda é um meio elitista"
Creio que a assertiva ("o twitter apesar de ter sido o primeiro a noticiar...") não permite, por si só, levar à afirmação de que essa ferramenta "ainda é um meio elitista". Não há muitos outros fatores envolvidos nessa constatação de que o twitter é um meio elitista?
Sibele,
ResponderExcluirAs primeiras informações sobre o apagão surgiram de pessoas que estavam vivendo o momento e twitaram dos seus smartphones ou celulares, que tem um plano de dados.
O usuário das classes C e D, que já começam a fazer volume nas redes sociais ficaram sabendo por que ouviu alguém comentando a notícia.
Dois bons exemplos: Meu porteiro e alguns moradores do meu prédio foram informados do apagão por mim. O segundo: no dia seguinte dentro do ônibus ouvi muitos comentários de pessoas relatando que o filho soube por um amigo, que tinha internet...
Mas, o ponto principal da minha argumentação, sobre o elitismo da informação, se baseou nas ferramentas utilizadas para a publicação da notícia: 80% das mensagens durante o período do apagão foram postadas por dispositivos móveis.
Abs,
Sérgio
Bem, mesmo assim não dá para determinar que o elitismo da informação seja por causa dessa ferramenta, ainda que o ponto central de sua argumentação seja que 80% das msgs foram postadas por dispositivos móveis. Sabe-se que as classes C e D já apropriaram-se desses dispositivos.
ResponderExcluirAcho que a questão é outra: o *conteúdo* do que é veiculado nas msgs através desses dispositivos móveis. Tudo a ver com os interesses inerentes às diversas classes sociais. Talvez esse evento, em seu início, não fosse relevante para determinada parcela da população...